O ciclo das feguesias principiou por voto de um habirtante, João Manuel, do lugar do Penedo da Arrifana, freguesia da Igreja Nova. Este homem de idade avançada, tendo a mulher doente e ouvindo falar dos Milagres da Nossa Senhora da Nazaré, resolveu partir em romagem à Nazaré montado no seu burro, a fim de implorar a cura à Virgem Milagrosa.
O seu pedido foi atendido e a mulher ficou curada. Em sinal de agradecimento parte o bom velhote no ano seguinte e nos quatro anos que se seguem, a levar um círio ao Santuário da Nazaré, levando uma bandeira que de volta depositava na sua igreja, até ao ano seguinte.Nestas andanças, passaram a acompanhá-lo os familiares, seguindo dos vizinhos e amigos, estendendo-se em poucos anos ao povo de toda a freguesia e a seguir o de Mafra por volta do ano de 1722, logo seguido do povo da Encarnação.
Todos os anos parte uma proci~ssão para levar o círio de acção de graças à Senhora da Nazaré. É mandada fazer uma imagem da Virgem para seguir a procissão (século XVIII), que é a mesma que ainda hoje pertence ao círio. É de madeira policromada e dourada; ao colo da Virgem encontra-se o menino, na mão direita o ceptro e, aos pés, três cabeças de Anjos.
Ao círio da Igreja Nova, de Mafra e de Santo Isidoro junta-se Montelavar e passado pouco tempo Cheleiros, São Domingos da Fanga da Fé (hoje Encarnação), Ericeira, Nossa Senhora do Porto (hoje conhecida por Nossa Senhora do Ó do Porto da Carvoeira) e São Pedro da Cadeira.
A estas freguesias se juntaram mais tarde São Miguel de Alcainça, Terrugem, São João das Lampas e Nossa Senhora da Oliveira do Sobral da Abelheira.
Numa terceira fase aderiu Santo Estevão das Galés, São Silvestre do Gradil, a Azueira e finalmente a freguesia de Enxara do Bispo.
É a estas freguesias que se refere a Provisão do cardeal D. Tomaz de Almeida, de 1732, instituindo a base canónica e sancionando o Compromisso tomado por elas.
Assim a Igreja Nova por ser a primeiraficou sendo a cabeça à qual pelo Compromisso competia receber a Imagem em qualquer ano, que a freguesia indicada o não pudesse fazer.
Estas festas a Nossa Senhora da Nazaré, com as romagens ao Sítio, e a volta da Imagem às freguesias com a demora de um ano em cada uma, provocaram o desenvolvimento de festas locais incrementadas pelos bairrismos de sempre, em despique, dos "novos", dos "velhos", das "entradas", das "entregas" e sobretudo das "idas à Nazaré", que chegaram a ostentar certo fausto e riqueza, acrescentando ainda à opulência e riqueza das ofertas que acompanhavam a Imagem da Senhora da Nazaré, justificaram que o Círio da região saloia "O Círio dos Saloios", se chamasse "Círio da Prata Grande".
In Loas da Freguesia da Encarnação ... Setembro de 1997
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